domingo, novembro 07, 2010

Outras reflexões acerca do movimento estudantil


O movimento estudantil é um movimento social legítimo que deve se empenhar na luta política em defesa dos interesses não só dos estudantes, mas do povo brasileiro. Deve se empenhar na luta por uma universidade pública, gratuita e de qualidade.
            O movimento estudantil constitui-se numa rica dinâmica de entidades de base como os Centros Acadêmicos (CA) e Diretórios Acadêmicos (DA). O Diretório Central dos Estudantes (DCE) é a entidade de representação dos estudantes dentro da universidade. No nosso entendimento, a legitimidade do movimento estudantil e de suas entidades representativas, consiste em colocar-se a serviço da luta incansável por uma sociedade mais justa e igualitária. Isso pressupõe uma sociedade livre de opressões e exploração dos trabalhadores.
            Para isso, é fundamental uma entidade nacional capaz de dar respostas aos ataques que historicamente o povo vem sofrendo em detrimento do acúmulo e manutenção do lucro de uma parcela pequena da sociedade. Uma entidade que tenha a cara dos estudantes e que incorpore os anseios da juventude, transformando-os em uma luta ininterrupta por uma sociedade justa, igualitária e livre.
            Durante muitos anos a União Nacional dos Estudantes (UNE) cumpriu um papel fundamental em organizar as lutas não só de estudantes, mas do povo brasileiro, como foi: “o petróleo é nosso”, a greve do 1/3 pela paridade em 1961, que durou 85 dias, a luta histórica contra a ditadura militar, a campanha pelas diretas já no “fora Collor”. Infelizmente essa trajetória de luta começa a se findar a partir da década de 90, com a burocratização e adaptação. Cada vez mais os congresso da UNE passam a depender da máquina do Estado, as carteirinhas se tornam uma verdadeira máfia que movimenta milhões.
            Patrocinada pelo governo a UNE se afasta das ruas e se aproxima dos gabinetes, assim a UNE traí a greve dos estudantes de 1998. Os congressos da UNE se tornam cada vez mais antidemocráticos. Em seus fóruns, a democracia e o debate político de idéias que reinava anteriormente é paulatinamente substituído pela fraude na eleição dos delegados, pelo esvaziamento do debate, pela violência física. O começo do Século XXI foi o marco do esfacelamento da UNE ao assumir o caminho do apoio irrestrito e vergonhoso à política neoliberal do governo Lula e do Banco Mundial, quando muitos estudantes lutaram contra o governo e os ataques da educação, mantendo acesas as chamas da tradição de luta do movimento estudantil brasileiro.
            O movimento estudantil de luta e combativo não morreu junto com a UNE, mas vem no cotidiano das lutas enterrando a UNE e reconstruindo as bandeiras em defesa da educação pública, gratuita, de qualidade a serviço dos interesses dos brasileiros, na defesa de uma sociedade justa, igualitária e livre. 
            E na atual conjuntura de reformas do Estado, ataques à educação, que tem subordinado cada vez mais a educação aos interesses do mercado,  têm renovado e ampliando o papel de subserviência do Estado brasileiro ao capital internacional através dos organismos multilaterais (FMI, BM, BIRD, UNESCO, etc). É neste contexto de reformas e ataques do governo, e de esfacelamento da UNE tornando-se braço do governo, que surge a necessidade de reorganização do movimento estudantil e da construção de uma entidade nacional capaz de responder à altura às reformas e os ataques do governo.
            Nosso DCE, já no ano de 2004, rompeu com a UNE por compreender que a UNE não cumpria mais o papel de aglutinar e organizar as lutas do movimento estudantil e suas bandeiras. Desde então, temos nos organizados por fora da UNE. Mas hoje compreendemos a importância de discutirmos com o conjunto dos estudantes da UFG, uma alternativa de organização das lutas. Assim, nos dispomos a participar como observadores das alternativas que surgiram nesse período como a Assembléia Nacional de Estudantes – LIVRE (ANEL), Oposição de Esquerda da UNE, Fórum Nacional de Executivas (FENEX), fóruns de discussões unitários, como Seminário Nacional de Educação realizado em Uberlândia com a Esquerda da UNE e ANEL, por avaliarmos que são instrumentos importantes no processo de reorganização. Assim poderemos garantir que os estudantes da UFG debatam e decidam conosco as alternativas postas.

“A nossa história é feita de perdas e glórias, a nossa história não é contada na escola”

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