quinta-feira, novembro 18, 2010

CONJUNTURA ESTADUAL

CONJUNTURA ESTADUAL

A sociedade goiana é marcada há século pela grande concentração de riquezas e uma larga quantidade de trabalhadores em péssimas condições de vida. Atualmente, esta contradição é alargada pelo Agronegócio. É esta forma de produção que vem solapando os trabalhadores e retirando direitos fundamentais em detrimentos das políticas destinadas exclusivamente para a manutenção do padrão econômico goiano. Ou seja, os piores salários de professores do pais, as parcas verbas destinadas para a educação, o desemprego nas cidades grandes e de médio porte, o transporte coletivo nas cidades precários, dentre outros fatores, vem sendo um reflexo desta concentração de riquezas. Para entender melhor esta dinâmica, é necessário entender como que a soja, enquanto ação econômica principal de nosso estado se manifesta.
A entrada da economia da soja em Goiás ocorre pelo sudoeste do estado, mais especificamente pelo município de Rio Verde. Já em 1975 foi criada a Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano – COMIGO – que se transformaria em uma das mais importantes empresas na produção e processamento da soja na região Centro Oeste.
Além da topografia, entre outros elementos, a estrutura fundiária do município favorecia a cultura de grão em grande escala. Analisando o Censo de 1996, é possível afirmar que 55% das propriedades ali localizadas possuíam mais de 100 ha, o que corresponde a 93% da área cultivada. Os estabelecimentos com mais de 1000 ha, aproximadamente 8% do total ocupam 47% da área. Metade dos agricultores da região possuíam propriedades com menos de 100 ha e ficaram excluídos da produção comercial de grãos.
Em 1998 um clima de euforia toma conta desta região, pois se inicia a implantação do Projeto Buriti, que marcava a transferência da fabrica Perdigão para o município de Rio Verde, cuja meta seria a terceirização da criação de aves e suínos que poderiam ser desenvolvidas pelos pequenos agricultores. Havia ainda a previsão de instalação de uma das unidades de derivados de tomates da empresa Cica.
Ao contraio do que foi amplamente divulgado, o sistema de integração da produção praticado em Rio Verde não proporcionou uma alternativa aos pequenos produtores que continuavam excluídos da economia em grande escala.
Se a economia da agroindústria não proporcionou a viabilização da pequena propriedade, esta dinâmica estabeleceu todo um padrão de integração e desenvolvimento regional, constituindo-se como principal componente para o novo padrão do sistema produtivo em Goiás.
O complexo grão – carnes incorpora o conceito de firmas dinâmicas e a constituição de um parque industrial agropecuário centrado nesses setores provoca inquestionáveis efeitos de encadeamento entre a base produtiva agropecuária e a industria de insumos, maquinas agrícolas e com os setores de armazenagem, beneficiando comercialização, transporte de matéria prima e alimentos dando formação a chamada cadeia produtivas.
As cadeias produtivas são formas de organização da produção resultantes da crescente divisão e interdependência de alguns agentes econômicos. Este fenômeno se origina a partir da desintegração vertical e da especialização técnica e social do trabalho. As cadeias produtivas são caracterizadas por um conjunto de atividades consecutivas pelos quais passam e vão sendo transformados e transferidos os diversos insumos utilizados, agrupando  agentes que atuam dentro de um mesmo setor, sendo que os blocos de cada cadeia seriam denominados de complexos industriais, caracterizadas pela efetivação da matriz e a definição de suas potencialidades através da desintegração vertical e da adoção de modernos métodos de gerenciamento (just in time; dowsizing etc.).
O conceito de “crescimento desequilibrado” provocado pela aglomeração espacial das empresas contribui decisivamente para existência das desigualdades regionais.
A capacidade de uma atividade econômica em desenvolver uma dada região, não se limita aos elementos já mencionados, mas agregados a estes se incluem os efeitos provocados pela demanda final de bens de consumo e de capitais em função da elevação da renda regional e de seus efeitos fiscais apontando para o aumento da capacidade arrecadativa do estado.
Neste sentido verifica-se que o crescimento econômico, não e condição única para o desenvolvimento, sendo necessários um crescente processo de autonomia decisória, capacidade de captação e reinvenção do excedente econômico, distribuição da riqueza e consciência e ação ambientalista, são condições fundamentais para o desenvolvimento regional. Neste sentido questionamos e denunciamos o suposto desenvolvimento apresentado recentemente pelo estado de Goiás.
Por mais dinâmico que seja o crescimento econômico, este não produz mecanicamente a distribuição de seus benefícios. A julgar pelas experiências históricas, o que ocorre é um financiamento público para a atividade privada que reflete significativamente nos índices de crescimento econômico (PIB), acompanhado com vertiginoso aumento das desigualdades sociais.
As estratégias utilizadas pelas empresas líderes do setor agroindustrial apontam uma intimidade com a agricultura familiar através de contratação formal ou não para realização de etapas do processo produtivo
Há.um novo padrão de relacionamento entre empresa e agricultura, com forte evidencias de que prevalecendo os interesses do grande capital haverá o aprofundamento das desigualdades intra e inter-regionais existentes no estado.
 Nesta perspectiva, o estado de Goiás se tornou um mosaico em termos produtivos e sociais. Convivem conjuntamente áreas de elevadíssima produtividade em simultaneidade com a exploração tradicional. Localidades com extraordinária concentração populacional e diversificados problemas sociais e ambientais coexistem com verdadeiros vazios demográficos.
Na UFG, a apropriação de pesquisas e da estrutura física e humana da Universidade proporciona novas pesquisas e laboratórios que atendem diretamente as grandes industrias da soja. A FUNAPE (Fundação de Apoio a Pesquisa da UFG) proporciona de forma clara o investimento nas pesquisas da agrárias, numa relação público-privada, “marginalizando” os demais cursos da Universidade, em especial as licenciaturas.

Neste sentido, nos posicionamos de forma clara e aberta como grupo de OPOSIÇÃO AO ATUAL MODELO DE DESENVOLVIMENTO CONSERVADOR ADOTADO EM NOSSO ESTADO. 
Apontamos a necessidade urgente da construção de um amplo leque de forças políticas que se antagoniza com o processo de modernização conservadora implementado, responsável pela brutal concentração de riqueza e da degradação social e ambiental, conseqüência direta da ação política econômica da burguesia agrária goiana em parceria com as transnacionais e institucionalizadas pelo atual grupo dirigente do aparato administrativo do estado e seus diversos parceiros em inúmeras prefeituras municipais.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário